Num domingo de carnaval não tem nada melhor que voltar pra casa e dormir
descansar de estar
[ ] fora
por
tanto tempo
acho que me apeguei a minha cama e ao meu lençol de tal maneira que que parecem fazer parte do meu sono tranquilo, de um incerto conf(orto).
Então acordei com a garoa fazendo cocegas no telhado, leve lenvantar rumo a janela e ao vento frio da manhã já pela metade.
E nu quintal de casa vi a grama alta por cortar e me deu pregrissa de olhar o resto de contrução no chão, do quarto ao lado que um dia irei morar e que na tarde de sexta tinham feito o telhado.
O pedreiro é o seu Expedito, mora lá na outra rua, a esposa dele é costureira, das melhores do bairro. E ele com o cunhado mais dois filhos arrematarm o telhado de tardinha, depois de três semanas de martelo e martelada, serrote e tudo quanto é barulho... ficou bonito.
Mas deixou um monte de pedacinhos de coisas que não servem pra nada se você não é artista pós-moderno ou reciclador inveterado e que eu teria que catar depois do café.
Então olhei pro ceu e o dia era claro, mas sem sol... Começou a ventar em fortes rajadas e a grama deitava e levantava em compasso, como se uma invisivel mão fizesse carinho na cabeça de um cachorro, depois as árvores entraram na onda só que aí já era loucura...
O coqueiro parecia de borracha indo e voltando e todas as arvores entraram na dança, daí veio o barulho quincrelhando, estourando, destruindo. A luz começou a falhar e tudo estourava, pipocava, gritava. Na rodovia que passa depois desse quarteirão e que fica nas costas de casa, onde estava naquele momento o meu ser tentanto despertar, via-se os fios de alta tensão como se fossem cordas de crianças balançarem e se tocarem nas faiscas e fogo e arrebentando de lá pra acula. No alto surgiu uma nuvem, acinzentada de entulhos, telhas, árvores e pedaços de varias coisas dificeis de distinguir quando estão girando em alta velocidade em cima da sua casa e você acaba de acordar.
E tudo foi embora no rumo da rodovia e da granja que fica do outro lado dela.
Fui escovar os dentes e botei a água no fogo pra fazer o café, depois de pronto segui pra rua com a chicara na mão e um pedaço de pão caseiro com manteiga, todo o povo comentando.
- Passou um furacão
- Quebrou toda minha casa
- Levou o telhado, a parede e meu cachorro sumiram...
Realmente os estragos foram muitos, indescritiveis diga-se de passagem, o bichão passou rasgando as três etapas do bairro, do 1 ao 3 o Marabaixo foi ao chão numa linha digonal que passou do lado de casa (não tenho saco e nem tempo pra descrever com detalhes aqui- já que ninguém lê isso mesmo- mas corri atrás de uma câmera e bati fotos e depois filmei, fiz entrevistas e vô montar um documentário).
Ainda com o café vejo... lá vem seu Expedito e família:
- O telhado passo no teste?
-Passo sim, nem uma telha foi com o furacão. E lá na sua casa, todos bem?
-Ta sim, só umas telhas quebradas.
-Então tá bom, agora o sr vai ter muito serviço né?
- É verdade... Até mais vizinhos
- Inté.
Quando parei de filmar já eram 6 horas, não tinha nem almoçado nem nada, ja tinha ido na cidade duas vezes de moto taxi, uma pra pegar uma câmera emprestada e a outra pra buscar a outra câmera que peguei emprestrada e tava sem bateria deixei carregando lá, já que não ía ter luz tão cedo pra essas bandas.
Depois eu almocei, tomei banho e fui dormir...
Numa segunda feira de carnaval não tem nada melhor que voltar pra casa e dormir.